Augusto Melo se defende após ser indiciado e nega renúncia: “Sou inocente, estou tranquilo” Advogado Ricardo Cury aponta irregularidades no processo de investigação e critica o momento da divulgação do relatório da Polícia Civil

Inicialmente, a menos de uma semana da votação sobre o seu impeachment, o presidente do Corinthians, Augusto Melo, falou publicamente pela primeira vez sobre seu indiciamento. Nesse sentido, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (22), na Neo Química Arena, ele se mostrou indignado com a decisão e afirmou que seguirá no clube. “Não passa pela minha cabeça, em hipótese alguma, renunciar”, garantiu.
Logo no início, acompanhado do advogado Ricardo Cury, Melo afirmou que a coletiva foi convocada para esclarecer dúvidas e reforçar sua inocência. “Estou tranquilo. Sou um cara de família, não tenho vícios. Trabalho pelo Corinthians e sou corinthiano. Duvido que ali tenha alguém como eu. Talvez igual, mas mais não tem”, disse o dirigente, visivelmente emocionado.
Defesa critica vazamento e falta de provas
Em seguida, o advogado Ricardo Cury iniciou a defesa apontando irregularidades no processo de investigação e criticou o momento da divulgação do relatório da Polícia Civil. “Tínhamos informado desde o dia 13 de maio ao delegado Tiago que o Tuma tinha convocado a reunião para o dia 26. Nos surpreendeu o vazamento do relatório às vésperas da votação do impeachment”, afirmou.
Além disso, segundo Cury, o inquérito carece de provas concretas contra o dirigente alvinegro. “O inquérito tem 2.500 páginas. Não há individualização da conduta do presidente Augusto para que a gente possa defender. Do ponto de vista criminal, você precisa individualizar a conduta de todos. É só ilação”, criticou o advogado.
Gravação não compromete, diz defesa
Outro ponto abordado foi a gravação de um vídeo para um intermediário citado na investigação. De acordo com o advogado, o conteúdo não compromete o presidente. “Não sei se vocês puderam ver o vídeo. Não tem nada. Insinuar que isso significa que o presidente tinha conhecimento de que houve ou não intermediação é um absurdo. Não tem elementos para indiciar Augusto Melo”, completou Cury.
Augusto nega envolvimento em negociações suspeitas
Em seguida, o presidente também fez questão de esclarecer seu papel em processos de contratação no clube. “Nunca negocio sozinho, nunca. Tenho 61 anos, tenho comércio a vida inteira e sei como funciona. O meu executivo de futebol e eu assinamos juntos. É o jurídico e o compliance que tratam disso. Sempre foi assim, não tem problema”, explicou.
Gestão aponta avanços no clube
Apesar da turbulência política, Augusto ainda destacou avanços em sua gestão, como novas receitas e patrocínios. “Sabe quanto a gente deixa de ganhar com o Fiel Torcedor por ano? Mais de R$ 70 milhões. Sabe quanto recebemos de estacionamento? Zero. Estamos recuperando isso. Conquistamos um patrocínio de R$ 22 milhões para o alojamento da base, que está na mão do CORI”, destacou.
“Não sou eu que mancho o Corinthians”
Dessa forma, ele reafirmou que continuará à frente do clube e confia no desfecho judicial. “Essa coletiva é para esclarecer qualquer dúvida. Confio na Justiça, quero mais do que ninguém essa investigação. Me coloco à disposição. Faço questão de que a Justiça busque os rastros de tudo. Não conheço essa empresa, não tenho envolvimento, não tenho acordo com empresa de jogador”, garantiu.
Em suma, durante a coletiva, Augusto reforçou que não aceita ser responsabilizado pelos impactos da crise na imagem do Corinthians. “Não sou eu que mancho o Corinthians. Eles fazem com que o Corinthians seja manchado, não eu. Tenho competência, represento uma marca forte e trabalho muito. Estou de consciência tranquila”, concluiu.
Entenda o caso
Finalmente, vale informar que a Polícia Civil de São Paulo indiciou o presidente do Corinthians, Augusto Melo, e outras três pessoas por furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A investigação aponta irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas Vai de Bet. Parte da comissão paga à UJ Football Talent, empresa ligada ao acordo, teria ligação com um grupo criminoso e atuaria como seu braço no futebol.