A terça-feira, 28, foi marcada por uma grande operação policial na região metropolitana do Rio de Janeiro. A atuação policial, denominada “Operação Contenção”, teve como resultado apreensão de armamento, prisões, além da morte de policiais e pessoas suspeitas.
Ex-Comandante geral da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) e especialista em segurança pública, Ubiratan Ângelo concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Manchete. O comandante explicou o cenário que se desenha no Rio de Janeiro nos últimos anos, citando o descaso do poder público.
“Hoje tivemos uma das operações com o nome mais adequado que já vi. É a operação contenção (com tensão). O Rio de Janeiro está tenso. Segurança pública é um dever do poder público. As polícias foram feitas para servir e proteger, mas vendo o papel da polícia hoje, tem alguma coisa errada”, disse Ubiratan, que completou.
“A expressão descaso cai muito certa nesse momento. Hoje podemos dizer que parte do Rio de Janeiro é dominado pelo poder público e outra parte pela milícia. O resultado da operação de hoje mostra isso. Se olhar a operação pelos números, a gente fica na dúvida. Pelo número de pessoas detidas e armamento apreendido, poderia ter sido um sucesso. Mas e essas 64 vidas? É papel da polícia fazer isso? Os quatro policiais que morreram para cumprir cem mandados de prisão? Então estamos em uma operação com tensão. O Rio de Janeiro é um estado de tensão”, avaliou Ubiratan Ângelo.
Por fim, o comandante falou sobre o resultado da operação e a celebração do governador Cláudio Castro. Para Ubiratan Ângelo, o resultado de mortes não pode significar uma operação de sucesso.
“Quando você tem como mérito de operação o número de prisões, apreensões e mortes, você contradiz a última expressão do comandante geral. A polícia precisa servir e proteger. Matar não é servir e proteger. Essa é a última alternativa. O policia atira para matar, se não ele morre. É uma política de confronto. Não vejo como recuperar a paz numa política de confronto. A paz se recupera como uma soberania do estado. A população está com raiva da polícia e não do governador”, concluiu Cláudio Castro.




