Opinião: A quem interessa a ‘Super Copa Ouro’ de 2025?

A Concacaf, entidade que comanda o futebol na América do Norte, Central e Caribe, planeja uma super Copa Ouro em 2025. Nos bastidores, Victor Montagliani, empresário bilionário e cientista político, está articulando um torneio com 24 seleções.
Todas as partidas serão realizadas nos estádios sede da Copa do Mundo de 2026: Vancouver, Toronto. Guadalajara, Monterrey, Cidade do México, Seattle, São Francisco, Los Angeles, Kansas City, Dallas, Atlanta, Houston, Boston, Filadélfia, Miami e Nova York.
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O “minimundial”, como vem sendo chamado pela imprensa norte-americana, será realizado em meio à um já estrangulado calendário sul-americano. Argentina e Colômbia, campeã e vice da Copa América, seriam as convidadas da América do Sul.
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Apesar da imagem ruim que argentinos e colombianos passaram na final da Copa América, a Concacaf entende que a presença deles servirá para aproximar ainda mais o povo latino, grande consumidor do ‘’soccer”, às vésperas do Mundial de 2026.
Victor Montagliani, que também ocupa uma cadeira de vice-presidente na FIFA, também articula as participações das seleções do Egito, Senegal, Austrália e Japão. Agora, o dirigente tenta convencer Espanha e Portugal a entrarem na festa.
Que loucura!
Fiquei sabendo que as seleções convidadas poderiam levar times alternativos. Poderiam, em outras palavras, até participar com uma equipe Sub-23. O argumento para o ingresso de equipes de outros continentes seria usar o torneio como evento-teste para o Mundial de 2026.
A verdade é que o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, deu aula na Copa América. O chefe do futebol sul-americano deixou a imprensa dos Estados Unidos, México e Canadá com livre acesso às delegações e arenas esportivas utilizadas nas Copa América.
Ele, além disso, esbanjou simpatia e atendeu a todos os veículos de comunicação quando requisitado. Uma fonte, cujo apelido é “Menino do Rio”, me disse que Alejandro Domínguez parou uma divertida pelada com gente graúda em Miami para atender a uma tevê do México.
Plano B!
Caso Argentina e Colômbia recusem o convite da Concacaf, o que seria politicamente incorreto, a ideia seria ter Brasil e Uruguai como Plano B. É impressionante como estamos desvalorizados no cenário do futebol. Nada mais me surpreende. Nada.
Fui informado que a possibilidade empolga a CBF. Apesar do fracasso da seleção brasileira na última Copa América, o alto comando da entidade vê o torneio como uma excelente oportunidade para trazer novos investidores para o Brasil.
Agora, como se estamos sem moral? Explico. A ideia é utilizar a seleção brasileira como isca para atrair parceiros, investidores e patrocinadores para a Copa do Mundo Feminina de Futebol que deverá ser realizada no Brasil em 2027.
Estou me perguntando…
Caso o convite seja aceito, a CBF terá o benefício de mandar uma equipe Sub-23. Isso é bom ou ruim? Dorival Júnior ou Ramón Menezes à frente do time? Vai parar ou não o calendário brasileiro? Teremos uma seleção com a presença dos estrangeiros ou brasileiros?
Fiquei sabendo que as competições ocorrerão ao mesmo tempo: o Super Mundial de Clubes de 15 de junho a 13 de julho, e a Copa Ouro de 14 de junho a 6 de julho. A ideia é promover um grande festival de futebol por Estados Unidos, México e Canadá.
Será que vale tudo para agradar patrocinadores, parceiros, investidores, torcedores e o poder público? Entendo as cifras que o futebol produz, mas é insano esse calendário que está sendo projetado para o ano que vem.
Qual é o apelo que o Super Mundial de Clubes terá em 2025? Como os clubes brasileiros irão se organizar para cumprir um calendário que já conta com a Copa Libertadores da América, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e os Estaduais?
A Copa Ouro tem, sim, que ser disputada pelas seleções da Concacaf. Espero, com toda sinceridade, que a CBF não caia nesta cilada. A FIFA, por mais que goste da ideia, precisa impedir isso. Ela precisa frear essa ideia maluca agora!
(*) Marco Marcondes é jornalista, radialista, ator, diretor de cinema, teatro e televisão, promotor de eventos e CEO da Agência RTI Esporte