Foto: Marcelo Cortes/ Flamengo
Antes de mais nada, a negativa do Flamengo em assinar a nota de repúdio da Libra sobre a declaração de Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, gerou grande repercussão no meio esportivo. O dirigente comparou a Copa Libertadores da América sem clubes brasileiros a “Tarzan sem Chita”, resultando em críticas sobre o teor da mensagem.
A falta de um posicionamento claro do clube carioca chamou atenção, especialmente pela história e identidade da torcida rubro-negra. Em novembro de 2024, por exemplo, o Flamengo lançou a campanha “Mais que cultura, identidade!” em referência ao Novembro Negro, mês dedicado à cultura antirracista.
Ouvido ainda em Assunção, local do sorteio dos grupos da Copa Libertadores da América, Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo considerou o discurso de Alejandro Domínguez adequado e ponderado. O dirigente destacou que, em que pese o racismo ser algo odioso e que no Brasil é crime, nos outros 10 países da Conmebol não é.
“Eu entendo o desafio da Conmebol de lidar com 10 governos que não têm a visão que o brasileiro teve. Ele colocou muito bem que é um aspecto cultural. Para nós, no Brasil, é crime, e para eles não”, analisou.
Renato Ferreira, advogado e professor de Relações Raciais e Políticas Públicas da UFRJ, comentou o caso em entrevista exclusiva à Agência RTI Esporte. Ele avaliou o discurso do presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, e a posição da Conmebol.
“A declaração é muito ruim e sinaliza que estamos longe de acabar ou mesmo combater de modo eficaz o racismo no futebol. Repare que a fala dele é contraditória em relação às declarações que ele deu durante o evento. Por outro lado, um tema tão sério não mereceria ser tratado de maneira jocosa como ele o fez. Trata-se de uma forma sutil de discriminação que se utiliza de piadas e gracejos para manifestar o racismo”, enfatizou.
Sobre a postura do Flamengo de não assinar a manifestação da Libra, o professor criticou a decisão. “A declaração da diretoria rubro-negra é inaceitável. Pela própria história do clube, que tem a torcida mais negra e mais discriminada do Rio de Janeiro, sendo por isso chamada por termos pejorativos como ‘favela’ e ‘urubu’.
Para Renato Ferreira, a diretoria rubro-negra não honra a tradição de inclusão e representação negra que o clube possui observando que há tempo para corrigir o erro: “Deveria rever seu posicionamento, subscrever a nota da liga e, além disso, adotar uma série de medidas contra o racismo”, pontuou.
O governo brasileiro também reprovou a declaração do dirigente da Conmebol, mas Renato Ferreira destacou que só isso não é suficiente. “É verdade, declarações são apenas medidas simbólicas que há muito tempo não têm o poder de combater eficazmente condutas racistas por parte de quem quer que seja”.
As medidas paliativas só atenuam os casos, mas não há uma norma que seja aplicada nos países do continente: “Há anos que, toda vez que um caso de racismo acontece, assistimos a inúmeras declarações de clubes, inclusive por parte de membros do governo. Lembremos que foi assinado um protocolo para combater a discriminação no esporte entre o Ministério da Igualdade Racial e a CBF. Pelo jeito, esse protocolo não está adiantando muito”, lamentou.
Renato Ferreira propõe a criação de normas específicas para casos de racismo no futebol, como um passo essencial para avançar no combate à discriminação. “O Ministério da Igualdade Racial poderia convocar uma reunião com representantes dos clubes brasileiros, da CBF e da Conmebol para discutir medidas mais efetivas. O fortalecimento de punições e campanhas educativas pode criar um ambiente mais seguro e inclusivo dentro dos estádios e fora deles”, concluiu.
Ele também destacou a importância da mobilização dos atletas. “Sim, esse é um dos caminhos. Mas, se a gente observar as Nações Unidas como exemplo, é muito importante que haja uma série de ações internacionais, no caso aqui no nosso continente, porque o racismo é um fato que extrapola as fronteiras. Melhor coisa seria o Ministério dos Esportes, o Ministério da Igualdade Racial e a CBF se reunirem com especialistas e criarem normas para um combate mais efetivo ao racismo”.
Notícia atualizada em 21/03/2025 13:58
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