Boyka, resiliência, fé e a força do mestre dentro e fora do ringue

Após vitória marcante, atleta fala ao RTI Esporte sobre lesão grave, fé, relação com alunos e os próximos passos no MMA

Lucas Boyka, resiliência, fé e a força do mestre dentro e fora do ringue

Lucas “Boyka” é daqueles nomes que o esporte de combate brasileiro aprende a respeitar não apenas pelos nocautes, mas pela história que carrega em cada luta. Referência no kickboxing nacional e cada vez mais consolidado no MMA, o atleta viveu recentemente um daqueles capítulos que explicam por que alguns vencedores vão além do resultado.

Após mais uma vitória expressiva, Boyka abriu o jogo em conversa franca com a reportagem da Agência RTI Esporte, falou sobre lesão grave, fé, superação, a relação visceral com seus alunos e o próximo passo da carreira.

A vitória que marcou o retorno

“Primeiramente, agradeço a Deus”, começa Boyka, antes mesmo de falar sobre a luta. E não é força de expressão. O atleta vinha de uma fase extremamente delicada, lidando com uma lesão séria no joelho, que quase resultou em rompimento ligamentar após treinos intensos e alta carga física.

Sem poder chutar, ele precisou se reinventar. Foram duas lutas duríssimas no boxe, enfrentando atletas de alto nível, justamente para não perder o ritmo competitivo. “Aquilo me ensinou a ter mais paciência, a lutar diferente, a esperar a hora certa”, relembra.

Quando surgiu a oportunidade de voltar ao cage, no MAC, o frio na barriga apareceu — como sempre. Ainda inseguro, Boyka sentiu tudo mudar no momento em que encaixou o primeiro chute. “Ali eu vi que o caminho era aquele. A confiança voltou, e eu só pensava: ‘Graças a Deus, eu voltei a chutar’.”

A vitória veio não apenas como resultado esportivo, mas como resposta emocional e profissional. “Eu precisava disso. Precisava dessa vitória para seguir evoluindo.”

Um presente que vai além da CNH

Fora do ringue, Boyka viveu outro momento simbólico. Recebeu dos alunos e amigos um presente inesperado: a carteira nacional de habilitação. Mais do que o documento, o gesto carregou significado.

“Foi uma surpresa enorme. Eu sempre digo para eles: sejam com as pessoas como vocês gostariam de ser tratados.” Boyka fala com orgulho da relação que construiu ao longo dos anos. “Meus alunos sustentam meu sonho. São eles que acreditam no meu trabalho e permitem que eu viva da luta.”

O carinho foi além do imaginado. “Eu nem desconfiei. Dias antes, um aluno estava me ensinando a andar de moto, meu mestre perguntava se eu queria carro ou moto… e eu achando tudo normal”, conta, rindo. “Quando vi, foi algo muito maior do que eu esperava. Eu planto amor e recebo em dobro.”

Mestre e aluno: um vínculo que entra no cage

Conhecido pela intensidade emocional, Boyka não esconde o quanto a relação com os alunos pesa — positivamente — nos dias de luta. “Eles sentem tudo comigo. Gostam de estar perto, participam, vibram.”

Dentro do cage, ele sabe que entra sozinho. Mas faz questão de carregar todos simbolicamente. “Ali comigo estão todos vocês. Abaixo de Deus, nada disso seria possível sem eles.” Cada vitória é dedicada a esse coletivo, o que explica o apelido que carrega com orgulho: o “amigão da vizinhança”.

“Na vida, ninguém conquista nada sozinho”, resume. “Até chegar ali, tem muita gente envolvida.”

O próximo passo: estar pronto

Por fim, para Boyka, o futuro não começa com promessas vazias, mas com preparação.
“Não adianta só orar. Temos que fazer a nossa parte.” Ele reconhece as dificuldades da vida real, o peso de ser provedor, as pressões fora do esporte. E é nesse ponto que entra outro pilar: a família.
“Minha esposa, Wana Muniz, que também é lutadora, sempre me traz de volta para Deus e me ajuda a enxergar as dificuldades de outra forma.” Em suma, o plano é simples, mas profundo: começar o ano treinando forte, focado, com os dois pés no chão.

“A promessa de Deus vai se cumprir na minha vida. Mas a vitória só vem como consequência do trabalho.” No caso de Lucas Boyka, cada luta segue sendo exatamente isso: consequência de fé, resiliência, suor e uma rede de pessoas que acreditam junto com ele.

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