Cariocão 2025: especialista explica como alta temperatura prejudica desempenho dos jogadores
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Antes de mais nada, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (FERJ) emitiu uma nota na manhã desta terça-feira (18) informando que todos os jogos do Cariocão 2025 deverão ser realizados após as 18h. Segundo a entidade, a medida é necessária devido às altas temperaturas registradas no Brasil.
De acordo com a FERJ, o foco é exclusivo na saúde de atletas e torcedores. Isso porque entende-se a necessidade de reajuste nos horários das partidas. Dessa forma, a partir do próximo fim de semana (22 e 23/02), os jogos da última rodada da fase de classificação já terão seus horários alterados.
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Paulo Figueiredo, professor da pós-graduação em Ciências do Futebol da UFRJ e consultor de fisiologia em clubes de futebol, além de ter trabalhado com o Flamengo e Seleção Brasileira, alertou que partidas sob calor intenso podem representar risco à saúde dos atletas e comprometer o desempenho físico e técnico.
Em uma condição grave, o calor pode causar desorientação, desmaios e disfunções circulatórias, como frequência cardíaca acelerada, pulso fraco (pulso filiforme), respiração rápida e profunda (hiperventilação) e até falência de órgãos, exigindo atendimento médico imediato”, explicou em entrevista exclusiva a Agência RTI Esporte.
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De acordo com o fisiologista, quando um atleta atua sob calor extremo, seu corpo pode entrar em estado de superaquecimento, chamado hipertermia. “Isso ocorre porque, durante o exercício, os músculos geram uma grande quantidade de calor e, se o organismo não conseguir dissipá-lo adequadamente, a temperatura interna pode subir rapidamente”, disse.
Ainda mais quando os sintomas incluem mal-estar, câimbras, tontura, náuseas e vômitos. O atleta pode desenvolver exaustão térmica, caracterizada por fraqueza extrema, sudorese intensa e queda na pressão arterial. Além disso, o uso de uniformes pesados, como os dos goleiros, pode intensificar o risco de superaquecimento.
Da mesma forma, a incidência de lesões musculares e articulares também está relacionada ao calor extremo. “As ondas de calor provocam um processo inflamatório sistêmico no organismo, o que pode comprometer a função muscular e elevar o risco de lesões. Com as temperaturas elevadas, há uma maior perda de líquidos e eletrólitos pelo suor, levando à desidratação e ao desequilíbrio na contração muscular”, explicou Figueiredo.
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Além disso, “a sobrecarga térmica pode reduzir a capacidade do corpo de absorver impactos e estabilizar as articulações, tornando os jogadores mais suscetíveis a entorses e outras lesões”. O professor também ressalta que a desidratação impacta diretamente o desempenho dos atletas ao longo da partida, reduzindo força e velocidade, além de aumentar a fadiga muscular.
Por fim, Paulo Figueiredo coordena o SaferjLab – Laboratório de Fisiologia do Futebol do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, presidido pelo técnico Alfredo Sampaio (Sampaio Corrêa, de Saquarema). Sob sua orientação, o projeto “Jovens Cientistas” desenvolve pesquisas, realiza avaliações, cursos, seminários e publicações voltadas à qualidade de vida dos atletas profissionais. Entre os membros do SaferjLab estão Alberto Filgueiras, Maria Clara Semidei e Camila Simões (fisiologista do futebol feminino profissional do Botafogo FR).