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Dançarinos dos Jogos Olímpicos de Paris ameaçam entrar em greve a poucos dias da cerimônia de abertura

O Comitê Organizador Local dos Jogos Olímpicos de Paris vai precisar lidar com mais um problema faltando menos de uma semana para a cerimônia de abertura do evento na capital francesa. Os dançarinos contratados para se apresentarem no dia 26 de julho ameaçaram entrar em greve, a partir da próxima semana. Com isso, os artistas não iriam se apresentar na festa que será realizada no rio Sena, na próxima sexta-feira, às 14:30h (horário de Brasília).

A Agência RTI Esporte apurou que os dançarinos alegam que há uma disparidade tanto salarial, quanto de tratamento entre os grupos de dança por parte da organização do evento. Uma fonte afirmou à reportagem, que há artistas recebendo cerca de 1.600 euros (pouco mais de R$9.500, na cotação atual), outros estão ganhando apenas 60 euros (cerca de R$360) para se apresentarem.

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Quanto ao tratamento, as diferenças também são significativas entre os grupos. Alguns dançarinos estão recebendo transporte e acomodação. Já outros precisam arcar com esses custos. Diante desse cenário, esses artistas se mobilizaram para garantir a igualdade entre todos os participantes e enviaram uma carta ao Comitê Organizador Local para encontrarem uma solução. Caso contrário, ninguém vai se apresentar na abertura das Olimpíadas.

Até o momento, a organização do evento não se manifestou sobre a ameaça de greve. A expectativa, no entanto, é que nos próximos dias a situação seja contornada e, assim, a abertura dos Jogos Olímpicos ocorra conforme o programado.

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A Agência RTI Esporte teve acesso a íntegra da carta do Sindicato Francês dos Artistas (SFA) enviada no dia 17 de julho; confira:

“Nós, “grupos de artistas (atores, dançarinos, acrobatas, etc.)” das cerimônias de abertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024, estamos ansiosos para participar de “uma cerimônia de celebração e de federação”.

No entanto, embora o slogan “Fazer melhor juntos” seja hoje exibido por todo o lado nas ruas de Paris, vemos que as nossas condições de emprego não foram discutidas em conjunto, nem para melhor!

Em diversas ocasiões, o Sindicato dos Intérpretes Franceses alertou Paname24 (agência de produção de eventos, localizada em Paris), o produtor executivo das cerimónias, sobre práticas contratuais que não estavam em conformidade com o acordo coletivo. Também apontamos práticas questionáveis, desigualdades gritantes de tratamento, bem como uma ausência de diálogo social durante os preparativos para as cerimónias.

Após o nosso comunicado de imprensa de 7 de junho de 2024 e o nosso encaminhamento ao comitê da Carta Social Olímpica, foram realizadas duas reuniões de negociação com Paris 2024 e Paname24, nos dias 3 e 9 de julho de 2024, mas nenhuma resposta foi recebida desde então sobre os seguintes pontos:

  • Por que os direitos conexos, cobrados como pagamento pela gravação e difusão das suas performances coreográficas, flutuam entre 60 euros para trabalhadores intermitentes da indústria do entretenimento – até agora excluídos das negociações coletivas – e 1.610 euros para trabalhadores que puderam beneficiar por barganha coletiva?
  • Por que  certos artistas não parisienses têm e serão pagos e alojados, quando a maioria deles – os mais precários – não o será, mesmo que tenham os mesmos contratos de trabalho?
  • Os artistas que serão designados como substitutos nas apresentações da cerimônia terão a garantia de receber a mesma remuneração dos demais – com ou sem direitos conexos?

Propusemos uma discussão aberta para encontrar soluções aceitáveis ​​para todos, dentro dos limites de tempo associados à abordagem das cerimónias. Mas, até o momento, Paris 2024 e Paname24 parecem estar ganhando tempo, ao não agendarem novas reuniões.

Neste exato momento estão em andamento os ensaios gerais das cerimônias, e lamentamos ter que anunciar a emissão de aviso de greve para o espetáculo do dia 26 de julho de 2024, bem como para os próximos ensaios das cerimônias de abertura dos Jogos Paralímpicos.

“A dança existe para expressar (as) emoções, criando uma imagem viva e visual. Atinge corações, mentes e permanece nas memórias”. Portanto, não nos privemos destes artistas, vamos garantir que o legado desta grande festa e destes jogos não seja a perpetuação da precariedade dos seus empregos e das condições de trabalho degradadas. Ficar na memória dos espectadores não fará com que eles vivam da profissão.

Poder desfrutar, juntos, de um “momento tranquilo e partilhado, desta vez finalmente suspenso, longe desta violência que irrompe por todo o lado”, é chegada a hora de ouvir e responder às demandas legítimas dos artistas performáticos, apresentadas pelo nosso sindicato”.

(*) Lucas Maciel, enviado especial da Agência RTI Esporte, direto de Paris

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